segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Primeiros feitos de Balduino I

Balduino I na batalha de Jaffa, ano 1102. Henri Auguste Calixte César Serrur (1794-1865), Musée de Versailles
Balduino I na batalha de Jaffa, ano 1102.
Henri Auguste César Serrur (1794-1865), Museu de Versailles
Balduino estava impaciente por fazer brilhar seu reinado com algum empreendimento glorioso. Ficou uma semana em Jerusalém, para tomar posse do governo; em seguida reuniu os cavaleiros e essa tropa de elite for procurar inimigos para combater ou terras para conquistar.

Dirigiram-se por primeiro a Ascalon; mas a praça parecia disposta a se defender fortemente e os cristãos não puderam sitiá-la. Balduino rumou então para as montanhas da Judéia.

Os habitantes dessa região tinham muitas vezes maltratado e despojado os peregrinos de Jerusalém e temendo a presença dos guerreiros cristãos, se haviam todos escondido nas cavernas.

Para obriga-los a sair de seus refúgios, empregaram a astúcia. Vários chefes, aos quais prometidos foram muitos tesouros, vieram apresentar-se a Balduino, que os mandou decapitar.

Depois acenderam à entrada dos subterrâneos grandes fogueiras com ervas secas e logo uma multidão deles impelida pela fumaça e pelo fogo, veio implorar misericórdia dos soldados da cruz.

Balduino e seus companheiros prosseguiram seu caminho para o país de Hebron, desceram ao vale onde estavam outrora Sodoma e Gomorra, e que as águas salgadas do lago Asfalite recobrem agora.

Foulcher, que acompanhava essa expedição, descreve longamente o Mar Morto e seus fenômenos.

“A água é de tal modo salgada, diz-nos ele, que nem quadrúpedes, nem pássaros dela podem beber; eu mesmo, acrescenta o capelão de Balduino, a experimentei; descendo de minha cavalgadura à beira do lago, provei a água que achei amarga como heléboro.”



Balduino I, rei de Jerusalém. Vitral na abadia de Saint Denis, Paris
Balduino I, rei de Jerusalém. Vitral na abadia de Saint Denis, Paris
Seguindo a costa meridional do Mar Morto, os guerreiros cristãos chegaram a uma cidade que as crônicas chamam de Suzume ou Ségor.

Todos os habitantes tinham fugido, exceto alguns homens negros como fuligem, que não nos dignamos nem mesmo interrogar, e que os guerreiros francos desprezaram como a erva mais vil do mar.

Além de Ségor, começa a parte montanhosa da Arábia. Balduino com seu séquito passou várias montanhas cujos cimos estavam cobertos de neve; sua tropa muitas vezes não teve outro abrigo que as cavernas de que o país está cheio; não tinha outro alimento que tâmaras e a carne de animais selvagens; por bebida a água pura das fontes e das nascentes.

Os soldados da cruz visitaram com respeito o mosteiro de Santo Aarão, construído no mesmo lugar onde Moisés e Aarão se tinham entretido com Deus.

Ficaram três dias num vale coberto de palmeiras e fértil em todas as espécies de frutos. Era o vale onde Moisés havia feito brotar uma fonte do flanco de uma rocha árida.

Foulcher nos diz que essa fonte milagrosa fazia então girar vários moinhos e que ele mesmo lá fez beberem seus cavalos. Balduino levou sua tropa até o deserto, que separa a Iduméia da terra do Egito e retomou o caminho da capital, passando pelas montanhas, onde foram sepultados os antepassados de Israel.

(Autor: Joseph-François Michaud, “História das Cruzadas”, vol. II, Editora das Américas, São Paulo, 1956. Tradução brasileira do Pe. Vicente Pedroso, páginas 90 ss).


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