segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Fama e virtudes de Godofredo de Bouillon

Godofredo de Bouillon recebe os emires em sua tenda. Gustave Doré (1832 — 1883)
Godofredo de Bouillon recebe os emires em sua tenda.
Gustave Doré (1832 — 1883)

Durante o mesmo cerco [de Arsur], vários emires vieram das montanhas de Naplusa e da Samaria, cumprimentar Godofredo e oferecer-lhe presentes, como figos e uvas, secos ao sol.

O rei de Jerusalém estava sentado por terra, sobre um saco de palha, sem aparato, nem guardas.

Os emires demonstraram sua surpresa e perguntaram como um tão grande príncipe, cujas armas tinham abalado o Oriente estava humildemente por terra, não tendo nem mesmo um travesseiro de seda, nem um tapete de damasco.

“A terra de onde temos nossa origem e que deve ser nossa última morada, depois da morte, respondeu Godofredo, nos não poderá servir de trono durante a vida?”

Esta resposta que parecia ter sido ditada pelo mesmo gênio dos orientais, não pôde deixar de impressionar vivamente os emires.

Cheios de admiração por tudo o que tinham visto e ouvido, deixaram Godofredo desejando sua amizade; em Samaria muito se admiraram de que ele mostrasse tanta simplicidade e sabedoria, entre os homens do Ocidente.

Ao mesmo tempo, narrava-se muitas maravilhas, sobre a força de Godofredo: haviam-no visto, com um só golpe de espada, cortar a cabeça de um dos maiores camelos.

Um emir poderoso, entre os árabes, quis julgar o fato, ele mesmo e veio pedir ao príncipe cristão, que renovasse na sua presença, o prodígio.


Godofredo assentiu ao pedido do emir, satisfez-lhe a curiosidade e com um só golpe decepou a cabeça de um camelo que lhe haviam trazido.

Como os árabes pareciam crer que havia algum encantamento na espada de Godofredo, ele tomou a espada do emir e a cabeça de um segundo camelo rolou na areia.

Godofredo de Bouillon corta a cabeça de um camelo de uma espadagada só.
Godofredo de Bouillon corta a cabeça de um camelo de uma espadagada só.
O emir então declarou solenemente que tudo o que lhe haviam dito do chefe dos cristãos era verdadeiro e que jamais homem algum fora mais digno de governar do que ele.

Eu vi, na Igreja do Santo Sepulcro, essa terrível espada, que, ora decepava cabeça de camelos, ora partia e fendia ao meio, gigantes sarracenos.

A história contemporânea nos faz conhecer que império exercia então sobre os povos vizinhos a única recordação das vitórias obtidas pelos soldados da cruz.

Os infiéis, tomados de espanto, diz Alberto d'Aix, nada melhor acharam para fazer do que mandar uma embaixada a Ascalon, de Cesareia e de Tolemaida, a Godofredo, para saudá-lo da parte daquelas cidades. A mensagem estava assim redigida:

“O EMIR DE ASCALON, O EMIR DE CESAREIA E O EMIR DE TOLEMAIDA AO DUQUE GODOFREDO E A TODOS OS OUTROS, SAUDAÇÃO.

Nós te suplicamos, mui glorioso duque e muito magnifico, que, por tua vontade, nossos cidadãos possam sair para seus negócios em paz e segurança. Nós te mandamos dez bons cavalos e três boas mulas, e todos os meses te ofereceremos a título de tributo, cinco mil bizantinos”.

Devemos notar aqui que nenhuma dessas cidades era mais bem fortificada e tinha mais meios de defesa que Jerusalém.

(Autor: Joseph-François Michaud, “História das Cruzadas”, vol. II, Editora das Américas, São Paulo, 1956. Tradução brasileira do Pe. Vicente Pedroso, páginas 90 ss).




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Um comentário:

  1. As virtudes elevadas e a nobreza de caráter dos cruzados, quanta falta faz nos nossos dias!

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